REBOUÇAS – Vigilância Sanitária pede ao MP averiguação de suposto exercício ilegal da profissão médica Por CLAYTON BURGATH Postado em 7 de março de 2024 0 Nossa reportagem tomou conhecimento de uma situação que estaria ocorrendo no setor de Saúde de Rebouças. Desse modo, procuramos o responsável pelo setor de Vigilância Sanitária no município de Rebouças, Felipe Homiak (vídeo abaixo). De acordo com a narrativa do mesmo, em 07 de março de 2024, a situação foi levada a conhecimento – via protocolo junto ao Ministério Público (MP) local – sobre; DO FATO: Chegou ao conhecimento da Vigilância Sanitária de Rebouças, (em 29/11/2023), uma queixa realizada pela Farmácia Municipal por meio de ofício sobre prescrição errônea de medicação realizada por uma enfermeira, que encontra-se lotada em uma unidade de Saúde na área urbana de Rebouças (omitimos o nome da mesma, por ainda estar em fase inicial de comunicado ao MP). Na queixa consta que a enfermeira realizou prescrição errônea de medicamentos e reincidiu no erro mesmo após alertas dados pela Farmacêutica Responsável, e outros profissionais do setor que são testemunhas do ocorrido (segundo a notícia de FATO). Prescrevendo diversas vezes medicações que servem ao mesmo propósito, como Cetoprofeno e Diclofenaco, para o mesmo paciente. Demonstrando claro desconhecimento técnico para realizar a função (segundo a notícia de FATO). Ainda de acordo com as informações coletadas pelo setor competente, obteve-se conhecimento e provas que a mesma profissional realizou a solicitação de exames complexos que tem de passar pela Auditoria Médica do munícipio como Ultrassonografia Transvaginal , na qual a mesma “faz diagnósticos clínicos” como Endometriose, justificando de maneira simplória uma suspeita com um simples sintoma: dor intensa. Ainda de acordo com as informações obtidas, o setor competente da Saúde local procurou mais informações junto ao Médico Auditor do munícipio, Dr Jefferson M. Okamoto, que atende no município há 5 anos. O mesmo realizou uma revisão bibliográfica sobre o uso de Cetoprofeno e Diclofenaco de maneira conjunta (ver ao final da matéria). Nossa reportágem ouviu o responsável pelo Setor de Vigilância Sanitária local: RECEITAS DEMASIADAS Outro apontamento feito no relato, prende-se ao volume de receitas, os supostos erros técnicos, a solicitação de exames sem o devido conhecimento geram preocupação na Vigilância, que a mesma esteja fugindo de suas funções como enfermeira e “assumindo a função de médica da unidade” na área urbana onde atua, sem o devido conhecimento técnico para tal. Com base nisso, a Vigilância Sanitária do Município, por meio de Ofício nº 04/2024, protocolou (em 07/03/24) junto ao Ministério Público, a juntada de documentação, solicitando a tomada de providências com a finalidade de investigar os fatos descritos nos fatos narrados. ANÁLISE DO MÉDICO AUDITOR DO MUNÍCIPIO De acordo com o médico, Dr. Jefferson Okamoto: Em relação à prescrição de dois medicamentos da mesma classe medicamentosa em conjunto: “O diclofenaco potássico e o cetoprofeno pertencem à mesma classe medicamentosa, a dos anti-inflamatórios não esteroidais….De acordo com o médico, o uso de vários anti-inflamatórios ao mesmo tempo não leva a aumento de eficácia, mas sim ao aumento de EFEITOS ADVERSOS podendo GERAR PREJUÍZOS ao paciente tanto a curto prazo como : Cefaleía, tontura, vertigem, náusea, vômito, diarreia, indigestão (sinais de dispepsia), dor abdominal, flatulência, perda do apetite, exames de função do fígado anormais (ex.: aumento do nível de transaminases) e rash cutâneo. E a longo prazo: úlceras pépticas e insuficiência renal por exemplo. DR JEFFERSON OKAMOTO-MÉDICO O médico Auditor, com base na solicitação do setor de Vigilância, ainda faz apontamento: em relação ao suposto diagnostico de Endometriose baseado em um único sintoma, e a solicitação de exame de alto custo (ultrassonografia). Segundo Okamoto, na justificativa do procedimento, a profissional de saúde refere dor intensa, sem especificar o local da dor. “Digamos que seja uma dor em baixo frente ou pélvica que a enfermeira quis descrever”, salienta o médico. De acordo com ele, a dor pélvica crônica é uma condição extremamente prevalente, correspondendo a 10% de todas as queixas em consultas ginecológicas. “O diagnóstico da doença pélvia crônica (DPC) é clínico, sendo caracterizado por qualquer dor incapacitante em região inferior do abdome ou pelve, por 6 meses ou mais. Apesar de ser uma patologia comum, a DPC é uma entidade complexa, que requer uma anamnese ampla e detalhada, exame físico minucioso e que, frequentemente, a propedêutica complementar não define a etiologia”, ressalta Okamoto. O médico ainda esclarece: “Deve-se sempre avaliar: localização, padrão, associação, fatores de piora ou melhora, qualidade, irradiação, configuração e aspectos temporais; além de pesquisar sintomas urinários, gastrointestinais, ginecológicos, musculoesqueléticos, sexuais e psicossociais relacionados. Depende também de um exame físico detalhado. Dentre os exames complementares podem ser usados a dosagem de beta-hCG, a análise urinária, teste para gonorreia, clamídia e trichomonas e teste para infecção intestinal. Na imagem, estão disponíveis a ultrassonografia pélvica para mulheres com massa anexial, anormalidades estruturais no exame físico e sangramento uterino anormal como queixa associada; a ressonância nuclear magnética quando há suspeita de endometriose profunda pela história ou exame físico; e a tomografia computadorizada se há evidências de colite ou enterite aguda”, detalha o profissional médico. Okamoto ressalta de que, a enfermeira refere que “pode ser endometriose”, dentro da gama extensa de diagnósticos diferenciais. Jefferson Okamoto, na qualidade de Médico Auditor ainda ressaltou que, dada à complexidade da situação seria necessária a avaliação por um médico, no caso o médico da UBS. Assim o diagnóstico de endometriose passa por uma série de sintomas e sinais. “A solicitação de exames baseada única e exclusivamente em um deles como dor intensa, pode levar o paciente a um caminho errôneo no qual o mesmo tenha uma patologia totalmente diferente custando tempo e recursos”, lembra o médico (segundo parecer emitido pelo médico em 28/02/24, em resposta à solicitação da Vigilância Sanitária). AQUI, ALGUNS EXEMPLOS DE RECEITUÁRIOS Agora, aguarda-se as providências que possivelmente devem ser tomadas, tanto em nível do MP, quanto do próprio município, no setor de Saúde. Clayton Burgath – Jornalista (OBS: a reportagem reserva-se no direito de omitir as fontes, bem como nomes, entre outros até que os fatos sejam totalmente esclarecidos).